terça-feira, 18 de outubro de 2011

Plano de Contingências para Expedição à Antártica - 2011

Diário de Bordo em 18 de outubro de 2011

Fui consultado outro dia por um amigo que está indo em mais uma expedição para a Antártica com o Oleg, a bordo do Kotic, sobre a documentação necessária para autorização do Ministério do Meio Ambiente (MMA), Proantar e Ministério das Relações Exteriores para viagens ao continente gelado. Assim, decidi colocar aqui o Plano de Contingências que montei para nossa expedição e que foi encaminhado para esses órgãos.

Caso alguém necessite de cópia, não terei problemas em encaminhar.

Aqui no blog perdeu a formatação, mas creio que ainda sim poderá ajudar aos interessados. Caso tenham interesse, entrar em contato com meu e-mail abaixo:




Plano de Contingências

Expedição Antártica



BYE BYE ANTÁRTICA.

21/09/2010


C O N T R O L A D O

Documento de caráter controlado







INTRODUÇÃO

Movidos pelo espírito de aventura e desejo de preservação, um grupo de brasileiros unidos por interesses comuns sobre o continente Antártico, se reuniu com a finalidade de organizar uma expedição à essa região. A expedição turística, denominada BYE BYE ANTÁRTICA, está alugando uma embarcação apropriada para navegação polar, chamada KOTIC, da empresa POLARIS, INC, com respectiva tripulação. Esse barco já foi por mais de 25 vezes para a região polar desde 1984 e por sete vezes para a Ilha Geórgia do Sul, tendo seu comandante grande conhecimento da região navegada.

A expedição BYE BYE ANTÁRTICA contará como apoio na gestão de riscos da viagem, dos serviços da Origem® Gestão de Riscos, que terá como finalidade o suporte de comunicação e monitoramento de toda expedição durante as 24 horas do dia além de todo o estudo e planejamento da expedição.

Esse serviço busca assegurar os objetivos da expedição bem como o bem estar e a incolumidade de todos os participantes. Ficará também como responsável em acionar os meios necessários nas situações que fujam do planejado, buscando as soluções possíveis.

Para isso apresenta um estudo de eventos possíveis probabilizando-os e identificando suas origens e determinando ações para mitigá-los.

O presente Plano de Contingências é anexo do Formulário de Solicitação – Atividades Turísticas e não Governamentais na Antártica – Notificação Prévia e Avaliação de impacto ambiental.



1. FINALIDADE DA EXPEDIÇÃO

A finalidade da expedição será reconhecer e registrar fotograficamente ambientes e fauna naturais da Antártica, “o último continente”, buscando sua preservação através da força da fotografia na conscientização ambiental e ecológica das pessoas. Conhecimento através da navegação de baias na Península Antártica.



2. OBJETIVOS DO PLANO DE CONTINGÊNCIAS

2.1. Possibilitar o maior controle possível da operação através da estimativa dos riscos potenciais e reais.

2.2. Proporcionar segurança para os integrantes da expedição bem como para a tripulação destacada.

2.3. Atingir os objetivos determinados da expedição.

2.4. Facilitar a modificação do planejamento, com a inclusão de novos dados, se necessário



3. REFERÊNCIA

Formulário de solicitação para atividades turísticas e não governamentais na Antártida – notificação Prévia e avaliação de impacto ambiental.


4. CONCEITO DA OPERAÇÃO

Realização de uma expedição à península Antártida no período compreendido entre janeiro de 2011 e fevereiro de 2011, durante o verão austral, com a finalidade de fotografar ambientes polares e vida selvagem (mamíferos, aves e peixes) sem aproximação e/ou perturbação de suas rotinas.

Desembarque e visitação em Estações Polares, desde que consentidas pelas autoridades competentes. Caminhadas pelas áreas permitidas.



5. MEDIDAS ADMINISTRATIVAS DO PLANO DE CONTINGÊNCIAS

5.1 Base Operacional de Rastreamento Origem® Gestão de Riscos:

• Haverá a necessidade de a Base Operacional permanecer 24 horas durante toda expedição como ponto de concentração de dados e necessidades via celulares satelitais ou de ondas e comunicação via rádio.

• Prefixo da estação de Contato em Campinas/SP: PU2TIO / PX2Y2891 – Operador José Roberto Silva.

• Contatos via rede-rádio nas seguintes horas: 08:00 hs – 12:00 hs – 20:00 hs.

• Operação de monitoramento da expedição via comunicação satelital. Todos os dados serão lançados em controle próprio propiciando a confecção do competente relatório pós-expedição.

• A Base Operacional servirá de Centro de Gerenciamento de Crises e informações quando/se necessário.

• Permanecerá cópia deste Plano de Contingências em backup na Base Operacional.



5.2 Transporte:

• O comissionamento dos integrantes da expedição irá ocorrer no porto de USHUAIA/ARGENTINA, onde serão embarcados com destino à Península Antártida.

• A embarcação utilizada será o veleiro oceânico KOTIC, alugado junto a POLARIS, INC.

• A POLARIS INC se encarregará de fornecer a embarcação com seu Comandante, Imediato e Intendente devidamente habilitados para viagens em regiões polares, especificamente a Antártida.

• O comandante da embarcação será o capitão OLEG BELY. Suas qualificações seguem na Planilha ‘Anexo III – Formulário Antártica Padrão’ em anexo.

• Deslocamento até o porto mencionado acima será de avião, via rotas comerciais, a custos individuais e pessoais, sendo certo de que fica determinado como Ponto de Reunião Próximo ao Objetivo (PRPO) o porto de USHUAIA/ARG, onde todos deverão se reunir em 22Jan11.

• O descomissionamento da expedição será realizado no porto de USHUAIA, logo após o atracamento da embarcação.

• Como porto de apoio em casos de impedimentos no principal, fica estabelecido o Porto Willians/Chile como opção “B”.



5.3 Meios de Comunicação

• Telefone satelital Iridium, com grib files e programa Gribplot/Xgat de previsão meteorológica embarcado para comunicação entre embarcação e Base Operacional nos horários determinados.

• Fica determinado como horários de comunicação: 08:30 hs – 12:30 hs – 20:30 hs – 24:00 hs

• Mensagens: deverão se restringir a passar:

 Condições da tripulação e embarcação;

 Condições do tempo;

 Localização;

 Tempo estimado para próximo ponto de navegação.

• Contatos via rede-rádio:

 Prefixo da estação de Contato em Campinas/SP: PU2TIO / PX2Y2891 – Operador José Roberto Silva.

• Fica determinado como horários de comunicação: 08:00 hs – 12:00 hs – 20:0 hs.

• Mensagens: deverão se restringir a passar:

 Condições da tripulação e embarcação;

 Condições do tempo;

 Localização;

 Tempo estimado para próximo ponto de navegação.

• Durante os desembarques serão utilizados rádios VHF entre a embarcação principal e os botes auxiliares que não deverão se afastar mais de 500 metros da embarcação principal e permanecer a maior parte do tempo em alcance visual.

• Cada bote auxiliar empregado será liderado por um integrante com suficiente capacidade técnica para tal.

• Poderá haver o emprego de internet para comunicação com a Base Operacional e familiares, onde os sinais permitirem. O comandante definirá esses lugares ao longo da expedição.



5.4 Acessórios

• A embarcação é preparada e pronta para navegações polares e equipada com todos os equipamentos necessários à expedição.

• Luz de Emergência e lanternas individuais.

• Monitorado pela Base Operacional em Campinas/SP.

• Equipamento de proteção individual (EPI) a cargo de cada integrante além dos disponibilizados pela embarcação;

• Equipamentos de proteção pessoal contra temperaturas a cargo de cada integrante e de acordo com relação fornecida em reuniões preparatórias;

• Energia elétrica e água da embarcação;

• Bote auxiliar da embarcação;

• Refeições e bebidas da embarcação. Alimentação embarcada para um ano mínimo.


5.5 Pessoal

• Dados e qualificações no anexo III;

• Comandante da embarcação: Capitão Oleg Bely;

• Chefe da Expedição: Gutemberg Felipe Martins da Silva;

• Chefe de Segurança: Benedito Durval dos Santos Junior

• Intendente: Sophie Oleg

• Chefe de Comunicação: Maristela Colucci

• Chefe dos grupos de fotografias: André Cernaglia Cerdeira

• Saúde Médica: Igor Micheli Bely



5.5.1 Perfil e Qualificações

• Os integrantes deverão ser voluntários e responsáveis por suas custas pessoais e cota no aluguel da embarcação;

• Os integrantes deverão ter conhecimentos no uso dos equipamentos de comunicação embarcado, telefonia satelital, internet e rádio e informática;

• Possuam qualificações náuticas para cumprir as missões inerentes à faina diária embarcada;

• Possuam qualificações de interesse para os objetivos da expedição, como fotografia, navegação, saúde, segurança.

• Tenham disponibilidade de tempo necessário para a expedição e reuniões preparatórias;

• Sejam proativos, flexíveis e cumpridores de ordens.



5.6 Diversos

• Ficará ECD orientações médicas José Roberto Silva, Enfermeiro especializado em atendimentos de emergências (Resgates), Coren-SP 97.802 em apoio a tripulante habilitado.



6. SITUAÇÕES ADVERSAS E OPERACIONAIS


6.1. MAU TEMPO NAVEGANDO:

• Antes da travessia será considerada a tomada de meteorologia e acompanhamento de avisos alerta de duas em duas horas para aguardar uma abertura de tempo (janela de tempo) que permita a travessia sob condições normais (para o local em tela – Cabo Horn) considerando um período mínimo de quatro dias e máximo de seis.

• Se durante a travessia houver mudança brusca das condições meteorológicas que não houver sido detectado e alertado pelas autoridades marítimas, navegar-se-á capeando até melhora do tempo

• Em navegações interiores à Península Antártida existe mais de 50 pontos conhecidos para abrigo que serão usados. Todas as mudanças na derrota serão lançadas em diário de bordo e anotadas para relatório final da expedição.

• Durante o período de mau tempo não serão feitas manobras ou deslocamentos.



6.2. MAU TEMPO EMBARCADO FUNDEADO:

• Todos os que estiverem a bordo permanecerão, não recebendo autorização do comandante ou em sua falta do chefe de segurança para desembarque;

• Orientar-se-á a todos que não estiverem em seus quartos de hora a permanecerem em seus camarotes deitados, aguardando a melhorar do tempo;

• Em caso de emprego do bote auxiliar o mesmo será empregado alagado para não decolar, dentro da velocidade máxima de vento considerada segura.



6.3. MAU TEMPO EM TERRA:

• Todos os que estiverem em terra lá permanecerão sob o comando do chefe de equipe ou maior graduado até melhoras do tempo;

• Deverão procurar abrigo em terra assim que desembarcarem, ainda com tempo bom, para em caso de mudanças saberem onde se abrigarem;

• Os integrantes da expedição que se encontrar em terra deverão obrigatoriamente permanecer agrupados para controle e aquecimento mútuo;

• Em casos de extrema necessidade de deslocamento sairão em grupo mínimo de três pessoas, com a devida avaliação do chefe;

• Prioridade para resgate:

• Pessoas;

• Equipamentos pessoais (máquinas fotográficas);

• Equipamentos outros.

• Deverão ser anotadas as coordenadas do local onde foram abandonados equipamentos para posterior resgate.



6.4. USO DE BOTE AUXILIAR EM MAU TEMPO:

• Só será permitido o emprego dos botes auxiliares dentro das condições consideradas seguras (vide tabela abaixo);

• Em casos de necessidades os botes deverão operar semi-alagados para não decolarem com o vento;

• Deverão estar equipados com combustível suficiente em tanques estanques, mantas térmicas, bolsa de primeiros socorros e comunicador.



6.5. TABELA DE CONDIÇÕES DE VENTO X ATIVIDADES:

TEMPO VELOCIDADE DO VENTO (nós) CONDIÇÕES

BOM 0 - 20 MONITORAMENTO

REGULAR 21 – 40 ATENÇÃO

RUIM 41 - 60 CRÍTICAS

FECHADO > 60 SEVERAS



6.6. NECESSIDADES DE EVACUAÇÃO:

• Em casos de necessidade de evacuação do ambiente, será procurado abrigo e feita comunicação com a Base Operacional da Origem® Gestão de Riscos informando situação e contato via rádio com autoridades.



6.7. TRATAMENTO DE FERIDOS:

• A embarcação KOTIC está equipada com toda infra-estrutura necessária para atendimentos de emergências e em casos de maior gravidade solicitar via equipamentos de comunicação global o resgate do ferido.

• Será considerada a necessidade de exames médicos preventivos aos participantes.



6.8. ACIDENTES DE MAIOR GRAVIDADE:

• Serão acionados os meios necessários de resgate via seguradora.



6.9. NECESSIDADES DE RESGATE:

• Em casos de sinistros da embarcação principal será comunicado a Base Operacional da Origem® Gestão de Riscos para os contatos necessários em terra e com a seguradora e as autoridades necessárias.


7. ANEXOS

Anexo 01 – Estudo de Cenários e Probabilização de eventos

ANEXO 01

ESTUDO DE CENÁRIOS E PROBABILIZAÇÃO DE EVENTOS



Matriz 01: Matriz de eventos Selecionados

OBS: A matriz que trata este anexo não foi copiada para garantir propriedades intelectuais. Caso queira cópia entrar em contato com meu e-mail: gutemberg@origemconsultoria.com.br

Fonte: Origem® Consultoria em Gestão de Riscos



Matriz 02: Matriz de Impactos Cruzados

OBS: Idem

Fonte: Origem® Consultoria em Gestão de Riscos



Análise:

Embora os estudos mostrem certas probabilidades consideradas altas, o Plano de Contingência tem como finalidade precípua determinar medidas de ação para mitigar ou neutralizar esses riscos.

Os índices servem como parâmetros para se determinar os níveis de controles adequados a cada atividade pretendida. Para isso, consideramos como linha de corte de segurança 40%.

Assim sendo, permanecem acima dessa linha os seguintes riscos:

Matriz 03: Avaliação de Riscos acima da linha de corte


Nº RISCO Pb AÇÃO - OBS: idem

 

01 Mau tempo embarcado 79 Acompanhamento em intervalos de duas horas da meteorologia e abertura de janelas de tempo para navegações em águas abertas

02 Acidentes pessoais 51 Evitar operações e deslocamentos durante navegações em águas turbulentas e ações que o integrante não esteja familiarizado. Chefe de Segurança se encarregará de acompanhar e avaliar cada atividade.

04 Desvio de rota acidental 46 Triplicidade de equipamentos de orientação e acompanhamento por cartas marítimas. Equipamentos com fontes de energia independentes (pilhas).

08 Afundamento de bote auxiliar 43 Emprego de equipamentos de salvamento individuais durante o uso dos botes. Operação por integrantes que tenham habilitação de no mínimo Mestre e com experiência comprovada no tipo de equipamento e nas áreas polares.

11 Extravio de integrante em terra 44 Proibição de atividades individuais que incorram em afastamento de pontos fixos ou da equipe. Emprego da metodologia de equipes mínimas de duas pessoas. Emprego de rádio comunicador para cada equipe.

Fonte: Origem® Consultoria em Gestão de Riscos

OBS: idem

Com a matriz acima, identificamos aqueles riscos que inspiram maiores cuidados e determinamos cuidados e ações para conduzi-los abaixo da linha de corte.

Cabe esclarecer que em 25 expedições, a equipe de tripulantes nunca teve uma série de eventos tão crítica quanto a desenhada no presente estudo, mas a finalidade desse rigor é determinar o pior cenário para que haja suficiente capacidade da equipe em se safar de situações menos críticas.



Campinas, SP em 12 de outubro de 2010.

Gutemberg Felipe Martins da Silva

Chefe da Expedição Bye Bye Antártica



É isso, então...

Boa navegação a todos!

Capitão Gutemberg.
Comandante da Embarcação Odyssey.












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