Diário de Bordo em 11 de janeiro de 2010
Só agora estou conseguindo sentar e colocar em dia as novas notícias.
Decidimos em família que iríamos passar o reveillon de 2010 no mar. Sempre vamos para a marina mas evitamos sair de barco por conta de diversos fatores. Um deles é o fato de que não tinha um marinheiro para me acompanhar e sempre achei muito arriscado conduzir sozinho a embarcação a noite, indo para algum lugar que desconheço seus riscos.
Este ano, com a presença do Alex, nosso Imediato (mesmo), mudamos nossos planos, mas antes não o tivêssemos feito. Eu conto:
Desci com o Felipe e com o João Pedro na manhã do dia 30 de dezembro, bem cedo e para nossa surpresa, foi uma viagem bastante tranquila. Trânsito havia, mas nada de anormal.
Chegamos no Canal de Bertioga com muito sol e tempo bom. Outra surpresa! Já aproveitamos e demos umas voltas de jet (agora recebeu sua matrícula e nome, ESCOTEIRO) que já serviu para queimar bem a pele.
Os pais da Patrícia além dela mesma e de sua irmã, chegaram já no período da tarde. eles iram dormir a bordo da Rei dos Reis, que está quase pronta. Pequenos detalhes ainda faltam mas já está navegando e bem.
O Tosco a Carol e a Nathalie iriam sair as 20:00 hs e acabaram chegando na marina só as 07:00 hs do dia 31. Viajaram a noite toda, pois pegaram intenso trânsito.
Dia 31 amanheceu bem, com sol e oportunidade para mais alguns passeios de jet. Levei a Carol e a Nathalie para conhecerem o rio Anhambapau (rio do Engenho) e acabei subindo bem mais do que costumo fazer, pois estava dando calado, até para lanchas.
Mais uma tostadinha do sol. A água estava quente e fomos até a foz do canal, para elas verem o mar, lindo e resplandecente. A água igualmente quente (ôpa, duas vezes).
Dentro de nosso planejamento, finalizamos que iríamos até a Praia da Enseada, local que constumam ancorar muitas embarcações para verem a queima de fogos. Iríamos sair por volta das 19:00 hs para podermos navegar ainda com luz na ida, pois iríamos passar próximos a Laje do Perequê e eu nunca havia passado por ali.
Saímos exatamente as 19:00 hs. A navegação foi tranquila. Saímos do canal e rumamos sentido sul com o continente no través de boreste a aproximadamente 1 milha de distância e com velocidade 15 nós, pois o vento acabava lavando os passageiros que estavam no convés de proa. Mas eles estavam adorando por que a água estava...quente.
Chegamos a praia da enseada e ancoramos ao lado de uns poucos barcos que lá estavam e depois chegaram mais alguns mas não passou de umas dez embarcações de tamanhos diferentes.
Por volta das 22:00 horas percebi que o mar estava ficando grosso e o vento mudando de direção, levantando um pouco as ondas dentro da enseada. Desejei que chegasse logo a passagem de ano, fossem queimados todos os fogos logo e que pudessemos partir o quanto antes, por que comecei a assimiliar os diversos sinais da natureza. Ar quente, água com temperatura quente de superfície e agora mudança de direção do vento. TEMPESTADE!
Tarde demais. 00:00 hs. Com o barulho dos fogos e as comemorações em andamento eu e o Alex ficamos nos olhando e podíamos entender o que um queria dizer ao outro.
A Fernanda, esposa do Alex, passou mal na ida e chegou a desmaiar por queda de pressão. Medicamos mas ela com certeza quererá ter outros finais ano melhores para comemorar. Ela ficou mal o tempo todo.
Os demais estavam bem e os cumprimentos foram gerais. 2010! Será um grande ano!
01:00 h de 01 de janeiro de 2010. Levantei âncora e proei para fora da enseada, apesar de ver que o mar estava grosso, mas não dava para imaginar o quanto. Quando saímos da proteção do morro, demos de cara com um marolão de pelo menos uns três metros. Na escuridão imensa que estava, pois o tempo era nublado e portanto não havia lua, foi como cairmos num abismo. Subimos o primeiro marolão e caímos dentro de um buraco de águas negras.
Estavamos o Alex, o Gutinho, o Tosco e eu no Fly. O Luciano, o Felipe e o João Pedro sentado na praça de popa, virados para a popa e todas as mulheres e crianças dentro do casario para abaixarem o ponto de estabilidade da embarcação o máximo possível. Todos tomaram meclin 50 g para não enjoarem pois o balanço seria previsivelmente forte.
Terceira onda, quarta e o Alex falou o que era a lógica. Vamos voltar. esperei a leva de ondas passar e virei a boreste e acelerei para não ser pego por uma das ondas pelo través, o que provavelmente iria redundar em tragédia.
Estávamos em quinze pessoas no barco.
Assim que virei entrou uma onda negra pela popa levantando-a e jogando a proa para baixo. Acelerei o que deu para "surfar" o suficiente para conseguir entrar na enseada novamente. Por hora estávamos salvos...
O Felipe, sério, me questionou ainda naquela noite: que onda era aquela????
Era só o começo de nossa primeira noite do ano...
continua...
Boa navegação à todos!
Capitão Gutemberg
Comandante da Embarcação
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