segunda-feira, 1 de março de 2010

Destruição do manguezal no Canal de bertioga

Diário de bordo em 01 de março de 2010




Nunca fui muito a favor dos chamados ecochatos. Mass nunca deixei de amar a natureza. Em minha adolescência fui escoteiro por muitos anos e aprendi lá o amor pela natureza e por tudo que ela representa de importante para a sobrevivência da vida na Terra, incluíndo a nossa, que muitos esquecem.




Tenho tido a oportunidade de viver um pouco no Canal de Bertioga, que liga a cidade de Bertioga ao Canal de Santos, através de um canal estreito que forma a Ilha de Santo Amaro, onde está localizada a cidade de Guarujá, um dos mais badalados balneários paulistas.




O Canal de Bertioga possui muitas marinas e condomínios de luxo e o fluxo de embarcações é considerável em determinadas épocas do ano. este ano foi muito grande, pelo calor que nosso verão nos brindou.




Consequência disso foi o fluxo de embarcações que por ali passaram. Quando digo embarcações, estou me referindo a barcos de alumínio (chatas), pequenas lanchas, lanchas, veleiros, iates e trawlers e até balsas, que para ususfruirem das riquezas paisagísticas do litoral acima de Bertioga e tentando fugir de uma navegação em águas mais abertas usam o canal para virem de Santos ou mesmo das marinas locais, para uma navegação de esporte e recreio.




A Marinha tem em seus regulamentos algumas recomendações sobre navegação em águas restritas (que é o caso de canais) delimitando o limite de velocidade, qual seja: até 7 Nós/hora (algo em torno de 13 Km/hora).




Essa velocidade visa permitir a boa prática da navegação em águas restritas.




Você que navega sabe o quão desagradável é cruzar com outra embarcação, estando essa acima da velocidade limite. Seu barco mergulha num conjunto de marolas e aderna para todos os lados, jogando tudo e todos ao chão, causando danos nos equipamentos e materiais do barco, por que na tentativa de segurar, as pessoas se agarram onde podem..., radares, porta-copos, suporte do toldo, etc.




Há também como consequência, os danos provocados nos barcos atracados nas marinas. Observe o corre-corre das funcionários e marinheiros quando alguém vem acima da velocidade pelo canal. Soam sirenes, acenam para que diminua a velocidade, mas nada...os barcos derribados (com a popa enfiada n'água) parece que estão de nariz levantado, tal qual seu infeliz proprietário.




Ao lado vemos - as vezes - marinheiros aflitos e envergonhados, pelas peripécias dos patrões...




Mas antes os danos ficassem nos barcos alheios. Já estaria de bom tamanho. O grande problema é que o principal dano não está relacionado aos danos materiais nos barcos, mas em coisa muito mais preciosa e que lamentavelmente quase ninguém observa.




Os manguezais estão sofrendo um recuo drástico em sua área, pois com as marolas produzidas as enfraquecidas árvores das margens estão caíndo, fazendo o manguezal caminhar em direção a terra seca e portanto à sua destruição.




As fotos que vou mostrar mostram a destruição do maior berçario de centenas de criaturas que ali se reproduzem, crescem, equilibram e vivem em harmonia com a própria natureza. Não bastasse as surtidas dos pescadores e moradores que ali buscam muito além do necessário para sua sobrevivência, os manguezais agora precisam enfrentar a fúria de proprietários de barcos velozes, mas além, que desrespeitam os direitos alheios de um bom e agradável passeio e o direito da natureza seguir seu próprio caminho.


Visão da região do Largo do Candinho. Essa área é uma das em melhores condições, pela extensão lateral das águas e por que só se consegue navegar num canal central, haja vista os lençois ou coroas que existem próximas das margens. Percebe-se nitidamente a diferença daqui, onde pelas características acima as marolas chegam com muito menor força às margens.




Nesta foto vemos a fragilidade das raízes das arvores que, na baixamar ficam completamente fora da água, parecendo raízes aéreas. Como o solo onde se seguram é lodoso, nessas condições de exposição ficam tremendamente fragilizadas, caindo com muita facilidade.



Veja uma delas caída, no canto direito da foto.





Outra foto mostrando as raízes todas para fora da água. Note-se a marca escura que é onde normalmente fica o nível da água.



Barcos de todos os tipos, como os jets, que andam em alta velocidade, causam uma destruição sem par. Apesar de seu pouco peso, eles são danos a natureza pela possibilidade de se aproximarem mais das margens, e assim das árvores.










Esse trecho do canal fica entre o Largo do Candinho e o Canal de Santos. Aqui a velocidade obrigatoriamente tem que ser muito baixa, mas ainda sim você encontra quem consiga andar por aqui a mais de 10 nós. Como essas parte é muito estreita, a devastação é enorme.




Quando a água se encontra em seu nível normal, há uma proteçãoção para a vegetação costeira.


Colocarei outra matéria sobre o assunto embreve, com mais fotos que já tenho.
Por enquanto...
Boa navegação à todos!

Capitão Gutemberg
Comandante da Embarcação

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