Continuação do Cruzeiro Escoteiro Príncipe das Astúrias
“Navegar é preciso!!”
Quando Fernando Pessoa escreveu esse poema,
ele inicou dizendo que “navegadores antigos tinham uma frase gloriosa”. É
verdade... aqueles que já navegaram sabem o significado da complexidade dessa
afirmação.
Navegar é necessário! Navegar é uma arte!
Navegar é precisão!
Nossos jovens Escoteiros do Mar (todos moradores
do interior do Estado de São Paulo, Campinas) já estavam completando 24 horas
embarcados, navegando, realizando as fainas próprias do veleiro, comendo,
dormindo, restritos à água doce (ou pelo menos imaginando que sim) e expostos a
todas as responsabilidades e prazeres que a vida a bordo pode oferecer.
Muitos deles nunca sequer foram até
Ilhabela.... agora estavam indo da melhor forma possível...navegando!
Sábado acordamos cedo no Yatch Club de
Ilhabela e fizemos o hasteamento da Bandeira ao som do apito marinheiro. Isso
causou interesses de tripulações vizinhas. Uma delas da Argentina em viagem de
instrução de vela oceânica, desde Buenos Aires e demandando Angra dos Reis. Do
instrutor chefe recebemos um convite para um mês de aulas grátis em sua escola,
com tudo incluído, alojamentos e etc... Que pena, em Buenos Aires. Nossos
jovens não possuem essa condição. Levaram em contrapartida uma camiseta de
nosso Grupo de Mar. Bons Ventos Capitão Ernesto e tripulação!!
Suspendemos no Yacth Club e rumamos para a
Ponta de Pirabura onde seria realizada a cerimônia em lembrança às vítimas do
naufrágio do Príncipe das Astúrias.
Lá na Pirabura, aconteceu a cerimônia com
participação do NaPa Gurupa e outras embarcações civis que prestigiaram o
evento.
Essa aproximação do nosso jovem do interior
com a Marinha do Brasil – em pleno mar – explode numa reação de admiração e de
civismo e fecha em si tudo o que aprendem sobre amor à Pátria no movimento
Escoteiro.
Olhar para os olhos dos Escoteiros do Mar e
ver o brilho é tudo o que podemos esperar em troca do trabalho voluntário.
Presentes no evento o Corpo de Bombeiros de
São Paulo, membros da SOAMAR litoral Norte, Prefeito de Ilhabela, associados do
Yacht Club de Ilhabela, familiares das vítimas entre outras autoridades.
Após a cerimônia seguimos para o Saco do
Sombrio onde houve o lançamento de um livro a respeito do fato.
A noite ali, sem mais a presença de outros
barcos, salvo as de pescadores, foi algo a parte. Os luzeiros no céu estavam ao
alcance das mãos e aproveitamos para relembrar algumas instruções sobre
astronomia. Lembramos a regra para identificar a posição Sul a partir do
Cruzeiro do Sul (nome de uma das Patrulhas do Grupo), identificamos a
constelação de Órion (o nome da nossa Tropa Escoteira), a constelação do
Escorpião, meteoritos rasgaram a escuridão.... alguém gritou: um OVNI!!!!
Risadas rasgaram o silêncio...
Tivemos tempo dedicado ao aprendizado de
pesca de lulas...com sucesso!!!!
Amanhece o dia e bem cedo atracamos no píer
da sub-sede do Yacht Club de Ilhabela. Primeiro desembarque de nossa
tripulação. Tempo de embarque ininterruptos dos jovens: 46 horas!
Quarenta minutos após todos a bordo e
iniciamos nosso retorno para Bertioga.
Na derrota estabelecida uma passagem ao largo
de Alcatrazes para os jovens conhecerem esse arquipélago tão próximo da costa.
Mas para isso muita faina a bordo...e os
jovens aprendem rápido e se envolvem com as tarefas, sedentos do conhecimento e
de participar ativamente de tudo a bordo.
Mas também teve muito tempo de sossego...
Com Alcatrazes na proa, mas ainda não no
visual, fomos instruindo os jovens sobre a arte da navegação, os equipamentos
eletrônicos, a agulha, anemômetro, direção do vento, frequência de ondas,
nuvens, carta náutica, plotando posições a partir do GPS e por aí afora.
Mas como não há recompensa sem sacrifícios, só
mais um pouquinho de faina...
No caminho de volta, Deus Criador ainda nos
brindou com mais dois aguaceiros…. que lavou nossas almas e batizou da melhor
forma nossos jovens marujos e nos proporcionou......mais faina...
Atracamos em completa segurança as 17:00
horas de domingo (06MAR16) completando um total de 56 horas de atividades
plenas de escotismo do Mar proporcionando aos nossos jovens um laboratório
prático de Artes Marinheiras.
O resultado:
O jovem quando desafiado a assumir
responsabilidades responde de forma inequívoca. Essas palavras do fundador
Baden-Powell ecoavam em minha cabeça até o momento em que soltamos as amarras e
iniciamos nosso cruzeiro. Sete jovens do interior do Estado, sem experiências
desse nível. Como iriam se comportar? Iriam enjoar? O sistema de Patrulha iria
funcionar embarcados por tanto tempo? Corresponderiam a tamanha
responsabilidade? Permaneceriam unidos se houvesse alguma discussão? E se...? E
se....? E se...?
Tenho certeza de que ao desembarcarem do
grande desafio se tornaram outros jovens e que pelos restos de suas vidas irão
levar consigo as lembranças e os aprendizados adquiridos. Caminharam com
firmeza para serem “Melhores Cidadãos”.
E quanto a mim, o Chefe Escoteiro? Respondi a
todas as perguntas que formulei no início com uma única resposta: confiança!
Basta confiar em nossos jovens que eles correspondem a altura.
Um agradecimento mais que especial ao nosso
Capitão, Sr Armando Oliveira e seu Imediato, marinheiro Gaúcho, por nos receber
a bordo com tanto carinho, alegria, patrocinar toda essa aventura aos
Escoteiros do Mar e por ter dividido com cada um, suas próprias experiências
náuticas.
À eles nosso Bravo, Bravo, Bravíssimo!!!!
Somados ao nosso Bravo Zulu!!!
Desejamos a todos nosso...
Sempre Alerta e Bons
Ventos!!
E por isso cantamos:
“Em cadência firme e sã, nossos peitos faz vibrar, o
Rataplan, Rataplan, Rataplan, dos Escoteiros do Mar!!”.
Rataplãn do
Mar – Hino dos Escoteiros do Mar do Brasil
O escotismo nos
proporciona esses momentos de conhecimento e de aprendizado.
Junte-se a nós! Sempre
Alerta e Bons Ventos!
Boa navegação a todos!
Capitão Gutemberg.
Comandante da Embarcação MS Tradição.
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